sábado, dezembro 01, 2007

Chávez, um cara de sorte

As imagens da ex-candidata à presidência da Colômbia, Ingrid Betancourt (foto), me causam dois sentimentos. Emoção e desconfiança. Fico feliz por vê-la viva mas é inevitável pensar que tudo isso é conveniente demais a uma pessoa: Hugo Chávez.

Betancourt, mantida como refém na selva com guerrilheiros das Farc há mais de cinco anos, está viva - o que é motivo de muita comemoração - porém, sem vida. O olhar de Ingrid, mesmo sem mirar a lente da câmera, parece esconder – além de raiva e tristeza – humilhação. As cartas supostamente escritas por ela revelam com detalhes a violência psicológica pela qual ela vem passando nestes anos todos. Embora, olhando atentamente sua expressão, poderia dizer que há, apesar da falta de energia, um resquício de protesto, uma centelha de rebeldia. Viva, Ingrid Betancourt!


Vamos, então à desconfiança. Tudo o que vem de Chávez, se relacione com ele, ou de algum modo remete ao mesmo, me causa desconforto. O material foi apreendido com três guerrilheiros presos durante uma operação militar na Colômbia. As fotos, vídeos e cartas de 16 reféns das Farc eram endereçados aos parentes dos reféns, ao Chávez e ao chefe militar da guerrilha, Jorge Briceño.


Acho conveniente demais este materia ter sido apreendido dias antes do referendo na Venezuela sobre a nova Constituição e dias depois da Colômbia ter suspendido a intermediação de Chávez na libertação dos reféns.


Se um coisa não tiver nada a ver com a outra, esse Chávez é mesmo um cara de sorte. A família de Betancourt, por exemplo, já diz que o material é prova de que a intermediação do venezuelano estava dando resultado.


O aloprado do Chávez já subiu nas tamancas – mais ainda – e soltou, neste sábado (01/12), uma crítica à ação militar Colômbiana que prendeu os rebeldes. Ele disse que a prisão dos guerrilheiros e a apreensão do material coloca em risco a vida dos reféns.


Era tudo o que Chávez precisava e, por isso, - apesar de estar feliz por saber que Betancourt e outros 15 ainda estão vivos – sinto cheiro de armação por trás disso tudo.


Uribe anunciou que vai pedir ajuda ao governo francês na negociação com os guerrilheiros porque ele precisa de alguém que lute contra o terrorismo, e não ao lado deles. Dá-lhe Uribe!!!


Espero que a França tenha a oferecer algo às Farc algo do mesmo valor que Chávez provavelmente oferecia.

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