domingo, janeiro 30, 2011

Itália: o Brasil de cabeça para baixo


Quando se fala em poder aquisitivo e problemas sociais, no Brasil, impossível não dividir o país em duas partes. De Minas para cima e de Minas para baixo. Pega-se, portanto, o Brasil e vire-o de ponta cabeça: eis a Itália!

O clima no norte e nordeste brasileiro, com suas belas praias, é mais uma característica em comum com o Sul da Itália. O povo mais alegre e barulhento, idem. Mas o que mais chama a atenção é a condição social. Desemprego, pobreza, submissão e dependência do governo/máfia são outras similaridades, que ficaram ainda mais claras, esta semana.

Uma pesquisa do Instituto Euripes, de Roma, fez um raio X da sociedade italiana e o seu relacionamento com as instituições, é a Rapporto Italia 2011. Ela revelou, entre muitas outras coisas, que pouco mais da metade dos jovens italianos (50,9%) deixariam o pais com prazer, por causa da falta de trabalho, da falta de consciência cívica e da grande corrupção. Porém, a coisa muda de figura quando a resposta vem somente do sul da Itália, onde os problemas sociais são ainda mais graves, mas eles se recusariam a deixar o próprio país!

Por quê? Esta é a pergunta da vez. Por que o italiano que mais sofre dificuldades, aparentemente, ama mais o seu país? No Sul, a precariedade na educação, na saúde, no transporte e nas obras públicas é o retrato de uma Itália totalmente diferente do centro para cima. A pergunta é válida também para o Brasil. Por que o brasileiro pasta tanto e, mesmo assim, defende o país como se fosse o melhor lugar do mundo?

Penso que, infelizmente, a resposta seja simples, pouco romântica e bem realista.

Dos que se dizem insatisfeitos, os que não querem deixar o país, ou são coniventes com as suas facilidades ou realmente não possuem a menor condição de sobreviver fora do habitat natural. Por falta de cultura, por falta de coragem, falta de motivação. Ausências cuja causa foram anos e anos de massacre psicológico. O sujeito simplesmente não se sente capaz! É o caso clássico da mulher vítima de violência doméstica.

A segunda pergunta da vez é: quem reerguerá ambos os países? O futuro da Itália está nas mãos dos jovens entre 25 e 34 anos que está descontente com o próprio país e que o deixaria imediatamente (os destinos mais escolhidos são: França, Estados Unidos e Espanha... nada mal, hein!).

E o destino do Brasil, está nas mãos de quem? Pelo resultado das ultimas eleições, está nas mãos dos eleitores de Dilma.

Não sei quem está pior...