segunda-feira, julho 18, 2005

O tiro no pé


Depois de um fim de semana indigesto, já que tivemos que engolir a seco as entrevistas patéticas de Marcos Valério, Delúbio e Lula, hj começo a sentir que o "sal de fruta" fez efeito.

Vou explicar: parece que a trama toda teve um tiro no pé, um calcanhar de aquiles, um deslize, afinal!

Quando Delúbio combinou com Valério de dizer a "verdade", ou seja, assumir os empréstimos de 39 milhões que as empresas do publicitário teria feito - e depois repassado ao PT - eles acharam (e eu também) que tinham encontrado uma saída jurídica para as indagações sobre a origem da movimentação milionária nas empresas de Valério e (de quebra) explicariam a presença de deputados petistas nos saques das contas do publicitário: Era tudo para pagar campanha política!

Eles assumiram crime eleitoral e fiscal, já que o dinheiro não foi declarado por ambos? Sim, mas... cá entre nós, quem está entre crimes de devio de dinheiro público, superfaturamento de contratos de publicidade, tráfico de influência e corrupção, crime eleitoral e fiscal não é nada!!!

Onde está o tiro no pé então?

Ao contrair os empréstimos, Valério deu como garantia o contrato que suas empresas tinham com os Correios. Ou seja, deu como garantia dinheiro público... então (como 2+2=4), quem pagaria o empréstimo do PT seria dinheiro público! (ah, gente, não precisa nem ser inteligente, pra ver, né?)

E agora? Qual a manobra que eles vão ter que fazer? Vão dizer que o PT não tem responsabilidade sobre quem Valério deu como garantia, afinal o empréstimo era do Valério? Vão dizer que, mesmo que o contrato dos Correios tenha sido dado como garantia, o dinheiro da estatal não chegou a pagar nada.

É, vão dizer ainda muita coisa (e como eles conseguem tirar desculpas da cartola!) mas o fato é que: um empresário fez empréstimos milionários (não declarados), repassou o dinheiro ao partido político do governo (que tb não declarou) e deu como garantia o dinheiro público que faturava de uma estatal (demonstrando que tinha certeza de que este contrato não seria rompido tão cedo, uma promessa do governo como garantia de que ele - governo - pagaria sua divida com o empresário).

É esperar para ver... (ai! queimei a língua!!!!! ô, cafezinho quente... e venenoso!)

quarta-feira, julho 13, 2005

Diferença sutil



Política e Politicagem se confundem como uma imagem no espelho. Onde termina a realidade e começa o reflexo invertido e distorcido de si mesmo?

Antes de entrar no mérito do que seria Política e Politicagem, procurei o significado no dicionário e vou usar o resultado da pesquisa aqui. Afinal, quem sou eu perto do HOUAISS, não é mesmo? Entre os vários significados, estes se enquadram melhor.

Política = arte ou ciência da organização, direção e administração de nações ou Estados; aplicação desta arte aos negócios internos da nação (política interna) ou aos negócios externos (política externa).

Politicagem = política de interesses pessoais, de troca de favores, ou de realizações insignificantes.

Está bem claro, certo? Deveria, mas não está. O que vemos é a falta de comprometimento (para não dizer caráter) no limite entre uma coisa e outra. Vamos aos exemplos:

Entrar em acordo com partidos políticos adversários para melhor poder governar um país, é fazer Política. Trocar apoio político por dinheiro, é Politicagem! (pra não dizer mensalão. Ops! Corrupção...)

Distribuir o orçamento de acordo com as necessidades partidárias, é Política. Liberar 400 milhões de reais em emendas parlamentares às vésperas da aprovação da CPI dos Correios, é Politicagem! (mesmo que não tenha conseguido segurar a CPI, conseguiu ganhar a presidência e a relatoria... whatever!)

Se preocupar com o futuro da nação ao invés de perseguir governos anteriores, é Política. Acobertar denúncias de corrupção do governo anterior, é Politicagem (para não dizer prevaricação ou - sendo mais leve - omissão!).

O problema é que estamos tão habituados a ver conchavos, desvio de dinheiro público e corrupção que até mesmo nós - tão longe de sermos os beneficiários desta Política(gem) toda - perdemos a capacidade de diferenciar o que é isso ou aquilo. Se ainda nos lembrássemos, ah, se lembrássemos e tivéssemos iniciativa que nossos vizinhos bolivianos e argentinos tiveram, Política e Politicagem seriam duas palavras bem distantes uma da outra. Tanto que eu não precisaria recorrer ao dicionário para saber a diferença...

Isso foi só pra esquentar o blog, ligar as turbinas e provocar o nosso lado crítico. Pra encerrar, vou usar uma de minhas frases prediletas: O maior castigopara quem não gosta de política é ser governado pelos que gostam.Arnold Toynbee, historiador inglês (1889/1975).

Até mais, pessoal!