A semana foi tão conturbada que fiz um texto para a coluna desta semana e, por fim, elegi outro como tema: a “greve branca” dos Senadores.
Deixei para trás o que eu chamei de “Brasília dividida”, comentando que, enquanto o Senado promovia a mais celebre vergonha do ano ao absolver Renan Calheiros, na mesma Brasília o STF deu um banho de democracia. Autorizou a entrada dos deputados na votação e ainda derrubou duas leis abusivas: a aposentadoria vitalícia do ex-governador do Mato Grosso do Sul (o Zeca do PT) e a de Minas Gerais que garantia foro privilegiado a mais de duas mil autoridades mineiras. Terminava o texto dizendo que, o triste disso tudo é ver que vivemos em um país onde honestidade, caráter e aplicação das leis deixaram de ser obrigação e viraram qualidades raras!
Voltemos, então, à “greve branca” no Senado. São seis partidos que se rebelaram contra o resultado da absolvição do presidente da Casa e, agora, ameaçam não votar projetos de interesse do governo limitando-se apenas aos que são de interesse do país. Ótimo! Palmas para eles! É uma bela pressão recusar-se a votar a CPMF em troca da saída de Renan da presidência do Senado, afinal, tudo lá é à base da troca! Qual o problema? O problema é que, entre estes senadores certamente tem um ou outro que, na surdina, absolveu o camarada e, agora, mostrando a cara, vira protetor dos interesses da sociedade.
O mesmo interesse pela imagem pôde ser visto enquanto as câmeras ainda estavam ligadas na sessão que discutia o futuro de Calheiros. Não faltaram senadores para repudiar a sessão ser secreta. Exigiram rapidez na votação de projetos que pedem a quebra do sigilo em sessões como aquela. Oras, se estes projetos estão lá há tanto tempo, por que não foram votados antes? Só agora lhes interessam defender a transparência? Que eu me lembre, o último (e único) Senador cassado foi Luiz Estevão, também do PMDB. E isso foi em 2000! Lá se vão sete anos de desinteresse pela matéria. Mas, tudo pela imagem! Tudo pela aprovação popular!
Então, vamos mexer nos esqueletos e desenterrar estes projetos, mesmo que não dê tempo de ser aplicado na próxima sessão contra Renan, se é que ele enfrentará outra. A meu ver, se mentir em plenário, apresentar provas falsas à comissão de Ética (e à polícia) não é quebra de Decoro Parlamentar, então o que pode ser uma ajudazinha a uma cervejaria, o uso de laranjas em meios de comunicação ou pegar propinas em Ministérios encabeçados pelo PMDB? Nada! Como disse Mercadante, não há prova “concreta” para condená-lo!
Agora, veremos quanto vale Renan Calheiros. Por enquanto, ele está cotado em torno de 38 bilhões de reais. Quantia que deve ser arrecadada pela CPMF no ano que vem. Se é um pelo outro, então fica Renan!!!!!!!!!!! Fica!
Por outro lado, se Renan se afastar (o que eu acho difícil), a oposição vai aprovar a CPMF, mudar o discurso e dizer que a “contribuição” é de interesse do povo? Ou vai ser contra e jogar o acordo (ou as propinas) no lixo? Vamos ver, de verdade, por quanto a oposição vai vender esta imagem de defensores da ética daqui algumas semanas.
Só para concluir, para quem quer saber quem votou o quê na sessão de quarta-feira, tenho uma sugestão: invoquem o fantasma de ACM! Só ele pode violar o painel e ficar impune.
“ACM, está me ouvindo? Aparece, meu rei!!!”
Nenhum comentário:
Postar um comentário