Em 7 de setembro de 1822, às margens do rio Ipiranga, em São Paulo, o príncipe D. Pedro I, recebendo as ordens para retornar a Portugal, ergueu a espada e, sobre seu lindo cavalo, gritou “Independência ou Morte!”. Esta “independência” nos custou muitas negociatas internas e externas, inclusive o pagamento de mais de 2 milhões de libras esterlinas aos portugueses, que pegamos emprestados da Inglaterra. O país trocava o domínio português pelo inglês e dava início à dívida externa.
Bom, certamente eu não estava presente aos fatos e relato acima o que aprendi nos livros de História do Brasil (muitos anos atrás). Portanto, não me responsabilizo pela veracidade dos fatos. Há quem diga que o “grito” veio de trás de uma moita enquanto o príncipe fazia suas necessidades depois de uma longa noite com sua amante, a Marquesa de Santos. Mas isso já é fofoca! O importante é que, fazendo um balanço de 1822 para cá, tenho que lhes dar uma notícia nada agradável: como um objeto de luxo, estamos sendo passados de mão em mão, usados- e abusados - há 185 anos.
Não vou perder o meu tempo – nem o seu – em detalhar cada período histórico de nossa querida Pátria. Até porque, no final de tudo chegaremos à conclusão que nada mudou. A orgia só aumentou e ainda somos colônia de alguém. Alguns exemplos bastam.
Nossa dívida externa passou da libra esterlina ao dólar (muitos milhões de dólares a mais).
Os impostos, que tanto abasteciam a Corte Portuguesa, chegaram a R$606 bilhões arrecadados até 06.09.2007 (R$57 bilhões a mais que o mesmo período do ano passado) cujo destino – assim como no passado - certamente não é a educação, saúde, transporte, moradia, geração de emprego e renda.
O desvio de dinheiro público está, hoje, no superfaturamento e dentro das nossas estatais, sugadas para abastecer campanhas eleitorais, partidos políticos e as propinas aos parlamentares para aprovação de projetos do governo. Não quero nem pensar em quanto está nos custando a barganha para a prorrogação da CPMF e a permanência de Renan Calheiros!
Passamos de colônia à democracia com as eleições diretas. Vejamos quantas mudanças isso nos trouxe: o povo escolhe, mas o governo (independente de qual seja) é obrigado a manter a roda da corrupção girando, a menos que tenha interesse, caráter e honestidade para não fazê-lo. Até hoje, nenhum teve.
A justiça... ah, a justiça. Era só para quem tivesse dinheiro, poder, influência, fosse amigo do rei ou todas as alternativas anteriores. Era?
A Lei Áurea, assinada há quase 120 anos, morreu de velhice e inanição. Ainda trabalhamos a troco de ticket alimentação, além de pagar impostos e manter a corte do rei.
Poderia dar uma passeada ainda pela educação, saúde, liberdade religiosa, sexual e de expressão. Todos os aspectos de uma sociedade que deveriam ter evoluído em 185 anos. Mas, melhor parar por aqui. Afinal, hoje é feriado, Dia da Pátria, vamos sair e comemorar a Independência do Brasil!
Em pensar que começamos nas mãos de um barbudo e continuamos do mesmo jeito!
Pena que não estou na Itália para dar adeus a Pavarotti. Este sim – mesmo que barbudo – sabia “gritar”...
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