quinta-feira, setembro 27, 2007

Novo site

Amigos e amigas.

A partir de hoje, começo a publicar meus textos em meu novo site: Minha Opinião.

Além de política, comento também sobre cinema, esportes, livros, comportamento e muito mais!

O site conta com uma novidade. Algumas de minhas colunas terão, também, uma versão em vídeo.

Grande abraço a todos e obrigada por estarem comigo nesta nova jornada. Dedico este novo trabalho ao meu marido, meus filhos e a vocês que estiverem ao meu lado nestes dois anos de blogueira. Muito, muito obrigada!

Encontro vocês lá!

Grande abraço a todos!

Érika Bento Gonçalves

sábado, setembro 22, 2007

Berezovsky, o tal


Acabo de ler o livro “Morte de um dissidente”. Fantástico! Um thriller que escancara o sistema político da Rússia desde a queda do comunismo até a reeleição de Putin. O livro é escrito pelo cientista Alex Goldfarb e Marina Litvinenko, viúva do ex-agente da KGB, Alexander Litvinenko (foto à direita), assassinado em novembro do ano passado.


A intenção, além de nos presentear com os bastidores mais sórdidos da política, é denunciar os supostos culpados pelo envenamento de Litvinenko, que seriam ex-agentes da KGB a mando do presidente russo, Vladimir Putin. Nas entrelinhas, porém, fica clara outra intenção, a de desmistificar uma personalidade que se tornou bastante conhecida no Brasil depois de financiar o Corinthians: Boris Berezovsky (foto).

Boris é minuciosamente retratado como o oposto do mafioso russo que conhecemos. Os autores, profundamente envolvidos com o magnata, expõem apenas algumas características (positivas) de Berezovsky. Extremamente astuto, o mega-empresário é retratado como de uma vitalidade impressionante, inteligência acima da média, exímio estrategista (político e econômico), cujas qualidades foram usadas com o propósito de manter no poder um grupo que visava dar continuidade à democracia conquistada com a queda do comunismo, em 1991. Porém, fica claro também que – além da atitude “altruísta” – Berezovsky, influente nas decisões do Kremlin, beneficiou-se (e muito) do sistema de privatização galopante na nova Rússia.

Confesso que, depois deste livro, fiquei intimamente ligada à Rússia e ao povo daquele país. Um povo que ama a pátria e, acima de tudo, acredita nos herdeiros do trono (independente de quem seja ele). Se está governando o país, merece crédito e respeito. Qualquer semelhança com a nossa terrinha não é mera coincidência. Aqui, como lá, somos sujeitos a denúncias violentas de corrupção (para citar apenas um item) e 48% da população ainda diz aprovar o presidente Lula.

É certo que muito do crédito ao governo russo se dá por falta de informação, já que toda a mídia tornou-se (de novo) controlada pelo governo e nada, absolutamente nada que seja contrário ao governo é passado à população. Quem ousa fazer isso, como a jornalista Anna Politkovscaya (foto), é simplesmente assassinado. Aliás, assassinatos políticos não faltam na história da ex-URSS, muito bem narrados no livro.

Escondido por trás desta ditadura disfarçada de democracia, Berezovsky se diz perseguido político. Conseguiu asilo britânico e mora atualmente entre seu retiro na França e em Londres. É financiador de várias ONGs na Rússia que abrigam dissidentes e defensores dos direito humanos, usadas, entretanto, para atacar o governo de Putin pelos vários massacres na guerra contra a Tchetchênia. O conflito teve dois períodos: de 1994 a 1996 e reiniciado por Putin em 1999. A guerra, que dura até hoje, já matou quase 300 mil pessoas desde 1994.

Caçado na Rússia por crimes de lavagem de dinheiro, Boris é, agora, acusado pela justiça brasileira por suas manobras financeiras dentro do Timão. Episódio que, aliás, o livro nem passa perto.

Se eu pudesse, ficaria horas falando sobre o livro, a beleza deste povo, a ganância dos governos, as práticas ainda atuais da antiga KGB e, claro, de Boris Berezovsky. Mas não seria justo. O livro “Morte de um dissidente”, mesmo com uma visão parcial sobre o controvertido Boris Berezovsky (embora em vários momentos o autor tente eximir-se de qualquer parcialidade), vale muito a pena ser lido.

Berezovsky pode ser o “tal”, mas não deixa de ser - assim como Putin é retratado no livro - ganancioso, egocêntrico, vaidoso e manipulador. Basta ler nas entrelinhas.

Enquanto isso, vou devorando “Um diário russo”, da jornalista assassinada, Anna Politkovscaya.

Boa leitura!

sexta-feira, setembro 21, 2007

Pode entrar, a casa é sua!

Um cidadão brasileiro, desempregado, doente, há quatro dias sem comer, portanto, desesperado, tenta invadir o Planalto para falar com o presidente Lula. No cumprimento de seus deveres, os seguranças o dominam, forçam-no a enterrar a cara no chão, algemam-no e o colocam para fora. É, está certo, o Palácio do Planalto não é terra de ninguém (embora o principal ocupante esteja sempre viajando) e não pode mesmo ser invadido. Imagine se Lula fosse receber todos os brasileiros famintos, desempregados e doentes. Ele não teria tempo para viajar!

O senhor Ângelo de Jesus tinha – e tem - todo o direito de querer falar com o presidente, assim como é totalmente compreensível o seu descontrole. O que é inadmissível é um cidadão chegar a este ponto. É inadmissível que um país rico como o nosso ainda tenha mais de 36 milhões de habitantes abaixo da linha da pobreza (19% da população - dados fresquinhos da Fundação Getúlio Vargas). Aqui, valem algumas informações: está abaixo da linha da pobreza quem recebe menos de US$ 1 por dia, o que dá R$56,10 por mês! Os beneficiários de programas assistenciais recebem mais do que isso e, portanto, não estão abaixo da linha da pobreza (embora vivam às minguas). Está explicado porque o Brasil tem tirado tanta gente do limite da pobreza nos últimos anos!

Enquanto o senhor Ângelo tentava desesperadamente falar com o presidente, Lula estava em Manaus com o amiguito Chávez. Entre umas e outras (prosas, não pingas... bem, talvez ambas), Lula ofereceu o nosso país como sede do encontro entre Chávez e as Farc para tratar da paz na Colômbia.

Como é? O Brasil pode ser palco para o encontro entre a Venezuela e os guerrilheiros para tratar de assuntos da Colômbia? E o “seo” Ângelo não pode entrar no Planalto para falar com Lula? Vamos ver se eu entendi direito: o banqueiro italiano, Salvatore Cacciola, pôde sair do Brasil enquanto era julgado pelo prejuízo de R$1,5 bilhão ao país; Cesare Battisti, condenado à prisão perpétua na Itália pela morte de quatro pessoas em ataques terroristas, não foi extraditado, assim como seu patrício, Achille Lollo, do PSOL, condenado a 18 anos de prisão depois de incendiar uma casa, também na Itália, cujo incêndio queimou vivas duas pessoas (entre elas uma criança de oito anos), também pode ficar. E o senhor Ângelo não pode entrar no Planalto?

Você até pode pensar que estou misturando tudo, mas o fato é que existe uma profunda sensação de injustiça (pra variar) com relação a quem entra ou sai de qualquer lugar neste país. Quem vai preso, quem não vai. Quem é solto, quem não é. Quem foge, quem não foge. Quem pode entrar no Planalto e quem não pode.

Não podemos fazer nada para que todos os brasileiros necessitados tenham seu encontro com o presidente, assim como não podemos impedir que as Farc venham tratar, aqui, de assuntos da Colômbia com o presidente da Venezuela. Tenha paciência! Nossas portas estão escancaradas para guerrilheiros e terroristas, mas “seo” Ângelo não pode entrar no Palácio do Planalto!

Quem está com as “chávez” do Brasil, afinal?

Como sempre neste país, quem entra ou sai depende do que oferece em troca. Se o governo tem cargos públicos à disposição (e isso só aumenta no governo Lula), deputados aprovam a CPMF. Se Achille Lollo for companheiro de armas, pode ficar. Se tiver que pagar R$1,5 bilhão ao governo, pode voltar. Se financiou campanha política do PT, pode entrar pra negociar com Chávez a paz na Colômbia. Mas, se for um pobre coitado, doente e desempregado, fique onde está!

Viva a democracia!

sexta-feira, setembro 14, 2007

Tudo pela imagem

A semana foi tão conturbada que fiz um texto para a coluna desta semana e, por fim, elegi outro como tema: a “greve branca” dos Senadores.

Deixei para trás o que eu chamei de “Brasília dividida”, comentando que, enquanto o Senado promovia a mais celebre vergonha do ano ao absolver Renan Calheiros, na mesma Brasília o STF deu um banho de democracia. Autorizou a entrada dos deputados na votação e ainda derrubou duas leis abusivas: a aposentadoria vitalícia do ex-governador do Mato Grosso do Sul (o Zeca do PT) e a de Minas Gerais que garantia foro privilegiado a mais de duas mil autoridades mineiras. Terminava o texto dizendo que, o triste disso tudo é ver que vivemos em um país onde honestidade, caráter e aplicação das leis deixaram de ser obrigação e viraram qualidades raras!

Voltemos, então, à “greve branca” no Senado. São seis partidos que se rebelaram contra o resultado da absolvição do presidente da Casa e, agora, ameaçam não votar projetos de interesse do governo limitando-se apenas aos que são de interesse do país. Ótimo! Palmas para eles! É uma bela pressão recusar-se a votar a CPMF em troca da saída de Renan da presidência do Senado, afinal, tudo lá é à base da troca! Qual o problema? O problema é que, entre estes senadores certamente tem um ou outro que, na surdina, absolveu o camarada e, agora, mostrando a cara, vira protetor dos interesses da sociedade.

O mesmo interesse pela imagem pôde ser visto enquanto as câmeras ainda estavam ligadas na sessão que discutia o futuro de Calheiros. Não faltaram senadores para repudiar a sessão ser secreta. Exigiram rapidez na votação de projetos que pedem a quebra do sigilo em sessões como aquela. Oras, se estes projetos estão lá há tanto tempo, por que não foram votados antes? Só agora lhes interessam defender a transparência? Que eu me lembre, o último (e único) Senador cassado foi Luiz Estevão, também do PMDB. E isso foi em 2000! Lá se vão sete anos de desinteresse pela matéria. Mas, tudo pela imagem! Tudo pela aprovação popular!

Então, vamos mexer nos esqueletos e desenterrar estes projetos, mesmo que não dê tempo de ser aplicado na próxima sessão contra Renan, se é que ele enfrentará outra. A meu ver, se mentir em plenário, apresentar provas falsas à comissão de Ética (e à polícia) não é quebra de Decoro Parlamentar, então o que pode ser uma ajudazinha a uma cervejaria, o uso de laranjas em meios de comunicação ou pegar propinas em Ministérios encabeçados pelo PMDB? Nada! Como disse Mercadante, não há prova “concreta” para condená-lo!

Agora, veremos quanto vale Renan Calheiros. Por enquanto, ele está cotado em torno de 38 bilhões de reais. Quantia que deve ser arrecadada pela CPMF no ano que vem. Se é um pelo outro, então fica Renan!!!!!!!!!!! Fica!

Por outro lado, se Renan se afastar (o que eu acho difícil), a oposição vai aprovar a CPMF, mudar o discurso e dizer que a “contribuição” é de interesse do povo? Ou vai ser contra e jogar o acordo (ou as propinas) no lixo? Vamos ver, de verdade, por quanto a oposição vai vender esta imagem de defensores da ética daqui algumas semanas.

Só para concluir, para quem quer saber quem votou o quê na sessão de quarta-feira, tenho uma sugestão: invoquem o fantasma de ACM! Só ele pode violar o painel e ficar impune.

“ACM, está me ouvindo? Aparece, meu rei!!!”

quarta-feira, setembro 12, 2007

Barrados no baile

Aconteceu, agora pouco, uma confusão na entrada do Senado. Deputados Federais foram impedidos de entrar no Senado. Mesmo tendo em mãos a decisão do STF que lhes garante o direito de acompanhar a votação da cassação de Renan Calheiros, os seguranças do Senado os impediram de entrar.

Não estou sendo realista: foi uma verdadeira algazarra! Uma cena vexatória ver deputados tentando passar por cima da segurança, gritaria, xingamentos, pancadaria! Foi isso mesmo. Acompanhei ao vivo, pela TV Senado. Até Gabeira acertou um soco no vice-presidente da Casa, Tião Viana! A deputada Luciana Genro ficou com a perna machucada e até armas de choque foram usadas.

A confusão era porque a Mesa Diretora ainda não havia decidido “se acataria a decisão do STF ou recorreria”. Totalmente desnecessária!!

Este foi mais um episódio vergonhoso que envolve todo o processo de cassação de Renan Calheiros. As denúncias, em si, já são vergonhosas. A demora em se tomar uma atitude, outra vergonha. A sessão ser secreta – mesmo que previsto no regimento interno do Senado – é outra vergonha. Pura falta de transparência dentro do legislativo (como se não soubéssemos que, de transparente, não existe nada na política deste país).

Espero que, ao final da sessão, não tenhamos que engolir outra vergonha. Que o dia de hoje já foi decidido nos bastidores entre os partidos e o governo federal. Se Renan for absolvido, houve venda de votos e ninguém me convencerá do contrário.

Agora, me interessa acompanhar as próximas semanas. Com Renan na rua, muita sujeira pode sair de baixo do tapete.

segunda-feira, setembro 10, 2007

Oposição pode salvar Renan

Quando a enxurrada de denúncias contra o PT e os “vizinhos de porta” do presidente Lula começou, em 2005, a oposição deixou a desejar apostando que Lula “sangraria” no poder. Errou e errou feio. O poder de Lula (e de seus programas assistenciais) garantiu-lhe mais quatro anos de mandato. Agora, a oposição corre o risco de cometer o mesmo erro com Renan Calheiros.

Se Renan passar por esta ileso, que ninguém duvide do poder dele de reverter a situação. Calheiros se atirará com todas as forças para recuperar sua imagem e governabilidade como presidente da Casa.

A oposição pode ter negociado muito com os aliados de Renan para que ele passe por essa primeira fase na garantia de que os outros três processos na Comissão de Ética o tirarão de circulação. Se isso aconteceu, está assinado o atestado de burrice e assumido que não aprendeu nada com a chance perdida de derrubar o governo Lula, dois anos atrás. Mais do que isso, os senadores serão responsáveis pela volta da “pizza” no Congresso, algo que, após os réus do mensalão, seria um retrocesso na esperança de ser ver algo de sério na política.

Qualquer acordo a esta altura só pode favorecer Renan Calheiros. Veremos o quanto de inteligência há nas mentes dos digníssimos senadores e o quanto custou o voto da oposição em breve. Infelizmente, com a votação secreta, nos restarão apenas especulações. A menos que o fantasma de ACM viole o painel e nos adiante o presente de Natal!

Comecemos a invocá-lo já: “ACM, está nos ouvindo?”

O que o PT pode aprender com a China

O presidente do PT, Ricardo Berzoini, e outros dez dirigentes do partido foram à China nesta segunda-feira (10) para um encontro com lideranças do Partido Comunista Chinês. Os doze petistas devem ficar dez dias na China. A versão oficial é que o PT pretende ver como o Partido Comunista Chinês (PCC) administra uma estrutura de mais de 70 milhões de filiados e sua comunicação interna. A minha versão é um pouco diferente desta, principalmente quando a China enfrenta uma situação muito semelhante ao Brasil: a corrupção.

Assim como o PT, depois de tentar negar, esconder e driblar várias denúncias, O Partido Comunista Chinês não teve outro jeito a não ser assumir que a corrupção estava engolindo o partido e o governo.

No poder desde 1949, o PCC já admitiu que quase dois mil funcionários públicos confessaram envolvimentos com corrupção. Só em 2006, foram registrados mais de 30 mil casos no país, incluindo pelo menos seis nomes ministeriais. Nos últimos meses, dezesseis integrantes do governo comunista foram detidos acusados de corrupção. O dinheiro servia, principalmente, para financiar suas amantes. Depois disso, acreditem ou não, até uma lei foi editada proibindo que funcionários públicos tivessem amantes!

Os chineses que, embora estejam submetidos ao regime comunista há quase 60 anos, têm mostrado intolerância quando o assunto é a corrupção dentro do governo. Esta associação incomoda o partido que não pretende perder o poder. O governo tem tentado de todas as formas aplicar mãos de ferro contra os corruptos. A atitude mais drástica foi a execução do chefe da Administração Estatal de Alimentos e Remédios da China, em julho deste ano. Zheng Xiaoyu foi acusado de receber suborno, em torno de US$ 832 mil, para liberar produtos sem as inspeções necessárias e foi executado por isso.

Se o PT quiser aprender com a China como passar ileso pelas denúncias de corrupção, poderia começar com a execução dos envolvidos. O problema é que o PT não tem 70 milhões de filiados e sobraria pouca gente para contar história. Talvez devesse aconselhar o governo a editar uma Medida Provisória proibindo parlamentares e ministros de terem amantes, o que não passaria com facilidade pelo Congresso.

Corrupção à parte, a China tem muitas lições a passar ao PT que pensa em uma nova Constituinte, a extinção do Senado e acaba de ditar o novo “Socialismo Petista”. O problema é que nunca saberemos o motivo deste encontro nem como o PT (atolado em dívidas) está pagando as 11 passagens aéreas para a China (em torno de 3 mil dólares por pessoa). Sem falar que Ricardo Berzoini, além de ser presidente do PT é um Deputado Federal que, na semana em que Brasília ferve com o julgamento de cassação de Renan Calheiros, a prorrogação da CPMF e tantos outros assuntos que interessam ao país, preferiu abrir mão de dez dias de trabalho - para o qual foi eleito - para ir à China “trocar idéias de como organizar um partido e sua comunicação interna”.

E tem gente que ainda acredita nisso...

sábado, setembro 08, 2007

185 anos de orgia

Em 7 de setembro de 1822, às margens do rio Ipiranga, em São Paulo, o príncipe D. Pedro I, recebendo as ordens para retornar a Portugal, ergueu a espada e, sobre seu lindo cavalo, gritou “Independência ou Morte!”. Esta “independência” nos custou muitas negociatas internas e externas, inclusive o pagamento de mais de 2 milhões de libras esterlinas aos portugueses, que pegamos emprestados da Inglaterra. O país trocava o domínio português pelo inglês e dava início à dívida externa.

Bom, certamente eu não estava presente aos fatos e relato acima o que aprendi nos livros de História do Brasil (muitos anos atrás). Portanto, não me responsabilizo pela veracidade dos fatos. Há quem diga que o “grito” veio de trás de uma moita enquanto o príncipe fazia suas necessidades depois de uma longa noite com sua amante, a Marquesa de Santos. Mas isso já é fofoca! O importante é que, fazendo um balanço de 1822 para cá, tenho que lhes dar uma notícia nada agradável: como um objeto de luxo, estamos sendo passados de mão em mão, usados- e abusados - há 185 anos.

Não vou perder o meu tempo – nem o seu – em detalhar cada período histórico de nossa querida Pátria. Até porque, no final de tudo chegaremos à conclusão que nada mudou. A orgia só aumentou e ainda somos colônia de alguém. Alguns exemplos bastam.

Nossa dívida externa passou da libra esterlina ao dólar (muitos milhões de dólares a mais).

Os impostos, que tanto abasteciam a Corte Portuguesa, chegaram a R$606 bilhões arrecadados até 06.09.2007 (R$57 bilhões a mais que o mesmo período do ano passado) cujo destino – assim como no passado - certamente não é a educação, saúde, transporte, moradia, geração de emprego e renda.

O desvio de dinheiro público está, hoje, no superfaturamento e dentro das nossas estatais, sugadas para abastecer campanhas eleitorais, partidos políticos e as propinas aos parlamentares para aprovação de projetos do governo. Não quero nem pensar em quanto está nos custando a barganha para a prorrogação da CPMF e a permanência de Renan Calheiros!

Passamos de colônia à democracia com as eleições diretas. Vejamos quantas mudanças isso nos trouxe: o povo escolhe, mas o governo (independente de qual seja) é obrigado a manter a roda da corrupção girando, a menos que tenha interesse, caráter e honestidade para não fazê-lo. Até hoje, nenhum teve.

A justiça... ah, a justiça. Era só para quem tivesse dinheiro, poder, influência, fosse amigo do rei ou todas as alternativas anteriores. Era?

A Lei Áurea, assinada há quase 120 anos, morreu de velhice e inanição. Ainda trabalhamos a troco de ticket alimentação, além de pagar impostos e manter a corte do rei.

Poderia dar uma passeada ainda pela educação, saúde, liberdade religiosa, sexual e de expressão. Todos os aspectos de uma sociedade que deveriam ter evoluído em 185 anos. Mas, melhor parar por aqui. Afinal, hoje é feriado, Dia da Pátria, vamos sair e comemorar a Independência do Brasil!

Em pensar que começamos nas mãos de um barbudo e continuamos do mesmo jeito!

Pena que não estou na Itália para dar adeus a Pavarotti. Este sim – mesmo que barbudo – sabia “gritar”...