A escritora britânica J.K. Rowling tornou-se bilionária ao criar o bruxo Harry Potter, cuja vida está sentenciada a um confronto com o sanguinário bruxo Valdemort, que tentou matá-lo quando Potter tinha ainda um ano de vida. Enquanto o confronto final não acontece, Potter - assim como centenas de outros bruxos adolescentes - frequentam a escola de Hogwarts. Lá se aprende todas as poções e feitiços que se possa imaginar. A cada episódio Valdemort torna-se mais forte e Potter perde um a um de seus aliados.
Rowling diz que não há nada de mágico em seu processo de criação. Apenas espelhou-se na vida real. Acredito nela. Quem acompanha a série "Escândalos no Congresso Brasileiro" sabe que tudo é possível. Casos recentes mostram-se verdadeiramente mágicos. Com uma pitada de imaginação, qualquer um poderia ter criado uma Hogwarts brasileira.
O mais recente exemplo é o "feitiço" lançado pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, que permitiu-lhe escolher, convidar e desconvidar o relator do possível processo contra ele no Conselho de Ética. Algo inusitado para qualquer cidadão comum. Não tenho acesso aos livros de feitiços de Renan, mas posso imaginar que ele tenha usado o chantagius, aquele que revela os segredos de suas vítimas caso não realizem os seus desejos. Lição que, aliás, é uma das primeiras a ser aprendida na política brasileira.
Outra poção mágica usada por grande parte dos nossos políticos é a emprestimus amigus. O ex-presidente do Sebrae, Paulo Okamoto, foi vítima desta poção quando pagou uma dívida de R$29,4 mil que o presidente Lula tinha com o PT. Pagou e nunca cobrou!
O presidente do conselho administrativo da Gol também parece ter tido um acesso de bondade ao sacar R$ 2,2 milhões do Banco de Brasília e teria emprestado R$300 mil ao senador Joaquim Roriz.
Enquanto Renan também não admitir que usou outro feitiço, o engordum bois, em seu rebanho para justificar sua renda extraordinária, ainda fica a versão de que o amigo Cláudio Gontijo paga, às cegas, as despesas extra-conjugais do senador.
Entre os mais mágico de todos os processos já vistos na Hogwarts Brasilis, está o sortis eternum, criado pelo finado João Alves. Cá entre nós, acertar 221 prêmios na loteria é sorte para toda a vida! Pena que ele levou a fórmula para o túmulo!
O que mais me preocupa, porém, é o memorius finitum, o que parece apagar a memória do povo brasileiro. Prova disso é a volta de personagens como Jader Barbalho, Fernando Collor, ACM, Paulo Maluf, João Arruda, entre outros.
O paralelo entre a ficção de Rowling e o nosso Congresso termina quando, aqui, não há Harry Potters, só Valdemorts e suas trapaças. O futuro de Potter e Valdemort ainda é um mistério que será conhecido em julho deste ano. A corja que ocupa o Congresso, porém, está longe de ter um fim, assim como suas mágicas inimagináveis.
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