sexta-feira, novembro 05, 2010

Búlgaras de verdade

Tenho que admitir: Dilma Russeff salvou a minha vida!

Devo meu retorno ao blog, a esta mulher. Senti que Dilma me puxou para fora de um terreno movediço. Estava eu, atolada entre toneladas de carnes congeladas e siglas como FOB, C&F, CIF, EXW, CPT, CMR, BL (se voce não entendeu nada, não se preocupe, eu levei algumas semanas pra conseguir respirar no meio de tudo isso. São alguns dos conceitos do comércio exterior, novo caminho pelo qual estou trilhando há três meses). Mas eis que surge Dilma e sua boca maldita!

Ao ler suas declarações pós-vitória, senti-me como Neo, em Matrix, sendo puxado para o mundo real. Talvez porque eu esteja mais próxima de outras nacionalidades, vejo e respeito mais o mundo fora das cercas deste curral chamado Brasil.

Depois que a imprensa descobriu que Pétar Roussef, pai de Dilma, nasceu em Gabrovo, na Bulgária, que não faz outra coisa senão dizer o quanto os búlgaros devem estar orgulhosos desta mulher que venceu as eleições no Brasil. Em Gabrovo, até organizaram uma exposição com fotos da família de Dilma! Sim, sim, sim... quanto orgulho. Para uma cidade de 60 mil habitantes, cuja filha de um dos habitantes chega à presidência de um país - mesmo que nunca tenha ido à Bulgária - pode ser mesmo um motivo de festa! Mas as notícias não me convencem. Por isso, decidi conversar com Rosi Dimitrova, uma verdadeira búlgara e colega de trabalho.

Ela, na Bulgária. Eu, na Itália. E viva o mundo moderno, sem fronteira, com internet e Skype para se fazer "gran business", como diz minha outra colega, Agnes, da Hungria. Falaremos sobre ela e as outras vinte estrangeiras com quem trabalho, mais tarde.

Voltemos a Rosi, à Bulgaria e à Dilma. Durante alguns minutos, Rosi e eu conversamos sobre Dilma, a nova musa da Bulgária (pelo menos foi isso o que a imprensa brasileira me fez acreditar!).

"Nunca tinha ouvido falar nela", me responde.

Insisto. "Mas dizem que ela agora é famosa na Bulgária, não? Ela disse até que deve ser a única búlgara a fazer sucesso fora da Bulgária!"

"Ah,não... quer saber, não me interesso nem um pouco por ela."

"Se não fosse tão prepotente eu até gostaria dela. Mas a este ponto, que se dane." Conclui Inna, outra colega búlgara, com um gesto, um olhar e um tom de voz de tamanho desprezo que fez o meu almoço mais apetitoso do que nunca!

Estas são algumas das búlgaras das quais a imprensa brasileira não quer falar. Pelo mesmo motivo que não falam dos 79 milhões de brasileiros que não votaram em Dilma. Pelo mesmo motivo que não dizem a que preço Lula elegeu Dilma. Quanto pagou aos jornalistas (dentro e fora do Brasil), aos deputados, senadores, partidos políticos, juízes e inclusive ao povo mais carente daquele país.

E dá pra entender. Dilma é agora a mulher mais poderosa do Brasil, a mulher que terá (como Lula) todo o dinheiro para comprar tudo e todos. Será ela a governar um país que sobrevive da mentira, da máscara do país das maravilhas em pleno desenvolvimento econômico. Será ela a distribuir a propina aos jornais, radios e TVs. É ela que seguirá os passos do governo mais corrupto da nossa história.

E, falando em história, voltamos a Rosi e Inna. Búlgaras de verdade que trabalham para criar filhos e manter as despesas da casa com honestidade e talvez, por isso, nunca tenham ouvido falar em Dilma Rousseff antes. Porque o mundo de Dilma, de Rosi e de Inna, mesmo que estejam ligados de alguma maneira, não tem nada em comum. As búlgaras não assaltaram banco ou sequestraram ninguém ou pegaram em armas em nome de um "ideal". Viveram o regime comunista europeu. Passaram por ele com dignidade e ainda a mantém!

A Bulgária, com mais de 1400 anos de história, diferente do que disse Dilma, não é um "país pequeno em que a visão do Brasil é de 190 milhões de pessoas, um país que está se desenvolvendo, criando emprego, um país que é visto no mundo como uma das grandes oportunidades." (palavra de Dilma!)

Para mim, é o Brasil o país pequeno, com apenas 500 anos, que tem muito o que aprender ainda mais com vocês, Rosi e Inna, verdadeiramente búlgaras.

Cala a boca, Dilma!

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