Era 30 de março, véspera das comemorações da revolução de 64. Os controladores de vôo fizeram um motim e calaram o céu por algumas horas. Com o presidente da república fora do país (viajando, como sempre) eu pensei: é agora... ou nunca!
Quarenta e nove aeroportos e millhares de passageiros ficaram à mercê das negociações entre controladores de vôo e o governo. Enquanto os passageiros esperneavam (com razão), fotos tiradas de dentro da sala de controle mostravam os militares de braços literalmente cruzados enquanto poucos controladores civis faziam o monitoramento apenas dos aviões que estavam no céu.
Neste momento, o Brasil parou junto com os controladores. Passageiros exigiam a presença das autoridades, culpavam o governo pela falta de investimentos. Rasgavam títulos de eleitores. Xingavam o presidente e apoiavam o motim. Funcionários e donos das empresas aéreas juntavam-se aos passageiros e exigiam providências do governo, cuja omissão já lhes causava milhões em prejuízo, em mais um apagão aéreo.
Assistindo à esta movimentação, policiais militares somaram à revolta. Espalharam panfletos denunciando privilégios aos bandidos e a humilhação a que são submetidos por falta de investimento e segurança pública. Oficiais do exército cercaram o Congresso Nacional exigindo votação imediata das leis que garantem às famílias dos oficiais mortos por comunistas, indenização igual aos que recebem as famílias dos “revolucionários”.
Assim que chegou a Camp David (EUA), Lula soube da confusão que se instalara no país e não demorou muito para saber que era o fim. Fim das atrocidades que vinha cometendo contra o país. Fim da cegueira e dormência a que pareciam estar submetidos os brasileiros. Exilado nos EUA, Lula enviou um comunicado oficial renunciando ao cargo.
Claro que quase tudo é uma grande ficção. Um sonho em que estou mergulhada há alguns anos. Infelizmente, só o motim dos controladores de vôo e o caos instalado nos aeroportos é verdade. Uma semana depois, tenho muito mais certeza de que, entre o “agora ou nunca”, o NUNCA venceu.
A verdade é que Lula, voando tranquilamente entre o Brasil e os Estados Unidos, anistiou os amotinados, ordenou que fosse amenizada a crise com um acordo que, dias depois, seria praticamente jogado no lixo. Para o lixo foi, também, a ousadia dos controladores militares que, dias depois do motim, pediram "desculpas" à população pelos transtornos causados pelo último apagão.
Dinheiro para atender às necessidades dos controladores de vôo e da segurança pública em geral, não falta. Temos dinheiro até para mandar pra fora! Os R$ 20 milhões destinados à reforma agráraria NA VENEZUELA só não saíram do papel, ainda, porque o Senado ainda não aprovou a Medida Provisória assinada pelo governo, mas já passou ilesa pela Câmara.
Se tem dinheiro pra os Venezuelanos, para os funcionários da Presidência da República, também. Sobra tanto que financiamos viagens, hospedagens e locação de veículos muito acima do normal, pagos com cartões de crédito corporativos do governo e apontados pelo Tribunal de Contas da União como suspeitos. Em apenas 3 anos (de 2002 a 2005) o TCU encontrou indícios de irregularidades em 35% das notas fiscais apresentadas pela Presidência. Estamos falando em R$ 482,5 milhões! Muitas delas possuem endereços falsos e alteração de valor pelas empresas prestadores de serviço.
Cartões de Crétido à parte e voltando aos caos aéreo, o major-brigadeiro Renato Cláudio Costa Pereira, ex-diretor da Organização de Aviação Civil Internacional – órgão que regulamenta o transporte aéreo no mundo – pede à população que faça a pergunta certa: "...para onde foi o dinheiro arrecadado com as taxas do tráfego aéreo, e porque não foram direcionadas para o Departamento de Controle, que carecia tanto de equipamentos e investimentos”. Em entrevista ao jornalista Sidney Rezende, ele vai além. Diz ainda que uma auditoria internacional deveria ser instalada para averiguar o destino de milhões de reais não empregados no controle aéreo.
Em 2003, o Conselho de Aviação Civil (Conac) alertou sobre um possível apagão aéreo em pouco tempo, graças à falta de investimento no setor. Mesmo assim, 3 anos depois deste alerta, o governo teimava em aplicar apenas 53,6% da verba que seria destinada ao programa “Proteção ao Vôo e Segurança do Tráfego Aéreo”. Do final de 2006 pra cá, os cofres foram abertos e, mesmo assim, a burocracia fez com que apenas 17,2% do orçamento anual fosse efetivamente pagos até o início de abril.
Em 1964 as forças armadas demonstraram para que serve um exército afinal. Contiveram a tentativa de entrada do comunismo em nosso país (que já durava mais de 30 anos e contava, naquele momento, com a conivência do presidente João Goulart).
Não cabe, agora, discutir os fatos seguintes, pois os abusos de ambos os lados vitimaram cerca de 500 civis e outros 500 militares. Mas, fica uma única pergunta: 43 anos depois da revolução de 64, como estão os países comunistas hoje?
Ai, que saudades do Exército!
Um comentário:
Nao faltarao "Ruys", com "y" a gritar e espernear contra o que vc disse. Estes "ruins", digo, "Ruys", estarao de dois lados: do lado dos que estao sugando vergonhosamente do povo brasileiro em benefício próprio e beneficiando também terceiros, quartos e quintos, como um lunático venezuelano e traficantes de órgaos, traficantes de drogas, guerrilheiros, terroristas OU do lado dos que tapados, radicais que acreditam que a farra do boi será para todos. Viva El Toroooooo !!! Que saudade mesmo do Exército!!!
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