A Itália acaba de inaugurar o primeiro museu sobre a máfia sicliana, Cosa Nostra. São 150 anos de história contados em forma de fotografias, pinturas, música e ambientes claustrofóbicos que retraram o horror do poder da máfia. São, também, dezenas de recortes dos principais jornais italianos que ilustram as mortes, as prisões, os abusos e as conexões da máfia e, não à toa, as polêmicas cabines "eleitorais" são usadas para ambientar os principais métodos de morte e tortura usados pela máfia. Em uma das, a simulação de um açougue sujo de sangue. Em outras, pode-se sentir o cheiro de corpos carbonizados. Estas "salas da violência" causaram polêmica e o acesso foi proibido a menores de 16 anos, depois que duas pessoas passaram mal ao visitá-las.
Cada país tem o seu "mal". Religião (ou em nome dela), drogas, poder, armas, trabalho escravo, prostituição infantil e, por fim, a política, quando esta não está ligada a todos os anteriores (o que normalmnte está!). A Itália não é diferente. Tem seus bens e seus males, que só sobrevivem graças à corrupção que gera a impunidade. Nada de novo, muito menos para um país onde a máfia governou desde o início da sua existência. Se a Cosa Nostra completa 150 anos, não por coinciêndia, a unificação da Itália também!
Em algumas regiões da Itália, a máfia é praticamente invisível o que não quer dizer que não exista, que não haja. Existe e age, como nos monopólios empresariais e nas licitações de cartas marcadas, tão conhecidas também no Brasil. Em outras, como no sul do país, ela ainda recolhe o "pedágio", embora muitos comerciantes estejam começando a enfrentá-los. Recentemente, um mafioso foi preso e se disse indignado, "humilhado" ao perceber que o povo já não o respeitava mais como antes!
Viva este povo! Viva a coragem!
Depois de levar seus tentáculos aos Estados Unidos, a Cosa Nostra espalhou-se pelo mundo, extorquindo, traficando, assassinando integrantes, traidores, jornalistas, juristas e inocentes. A máfia do século 21, em todo o mundo, não usa mais a pistola como antes, mas o cunho político. Sem tanta barbárie, sem tanto alarde, com mais precisão e eficiência, o que não a torna mais limpa, mas mais civilizada. Um tipo de organização ainda mais perigosa contra a qual se torna cada vez mais difícil de lutar.
Os horrores cometidos por serem humanos contra seres humanos tornou-se uma repetição na nossa história de vida e principalmente de mortes. Guerras, seitas, religiões, disputa de poder, ganância, ditaduras, crimes organizados. Quantos museus, monumentos e páginas dos livros de história são e ainda serão dedicados à nossa própria destruição?
É impossível, hoje, contar o número de mortos pela criminalidade, seja ela pequena ou grande e organizada. É impossível contar o número de vítimas diretas e indiretas que a máfia fez e ainda faz na Itália. É impossível ficar indiferente às imagens expostas no Museo della Mafia. É impossível não sentir o cheiro da morte, só de pensar no futuro que teremos se não fizermos algo, seja aqui, aí ou acolá.
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