Se o Brasil de hoje fosse um filme, seria uma obra sem direção, com um péssimo enredo, com muitos personagens e todos ruins. Nos dois sentidos. Os atores (com altíssimos cachês) nem se dão ao trabalho de fingir. Agem e pronto. Acredite neles se quiser! Enquanto outros, que deveriam agir, ficam às moscas, como se esquecessem suas deixas e não entram nunca em ação. Porém, antes mudo do que com péssimas falas. Dizer que tem "duas orelhas, uma para ouvir vaias e outra para os aplausos" e o "não sabia da extensão da crise (aérea)", como disse o protagonista do filme, soa-me como uma piada sem graça, absurda e infantil.
Mas não é um filme. O país está num caos (há muito tempo) que piora a cada dia. Quando um presidente chega ao cúmulo de dizer que "de rua ele entende", em resposta a um protesto "Fora Lula", como se tivesse sido chamado para uma briga de rua, Lula resumiu-se ao que ele é: um bronco cuja maior habilidade é a briga de rua, sem regra, sem escrúpulo e sem técnica, apenas um instinto selvagem de sobrevivência, a própria. Este é o presidente deste país. É o protagonista deste filme que somos forçados a assistir, gostando ou não.
Até Renan Calheiros está cansado. Bocejou longamente no segundo dia de trabalho depois do recesso. Não parece nem um pouco preocupado com o desenrolar das investigações contra ele. Em seu lugar, eu também não estaria. Num país como este?
Enquanto isso, a Polícia Federal vem com um requentado esquema de corrupção nos Correios. E com uma declaração incrível! Mesmo depois das denúncias na estatal, em 2005 (2005!!!), as fraudes nas licitações dentro da empresa continuaram. Jura? Eu nunca poderia imaginar... Assim como não poderia imaginar que outros aviões da TAM apresentassem problemas tão cedo, nem que as CPIs que investigam a crise aérea acabariam por se digladiar no primeiro brilho alheio. Se fosse o Senado a divulgar os dados das caixas-pretas, os deputados é que estariam gritando.
O filme é tão previsível em alguns aspectos que cansa mesmo. Porém, enquanto somos apenas nós, meros espectadores desta trama (que parece não chegar ao fim simplesmente por não ter um desfecho a apresentar), dá para entender. Não temos poder (nem direito) algum mesmo. Mas, a Ordem dos Advogados do Brasil dizer "Cansei"? Cansou de quê? Se pelo menos tivesse feito algo, mas não a vi em ação concreta contra nada do que estamos vendo. Nada! Onde está o pedido de impeachment que poderia (e deveria) ter feito?
Cansados estamos nós, de assistir a este filmezinho de custo elevadíssimo sem resultado algum. Cansados estamos nós de ver famílias destruídas por violências e tragédias entregarem pedidos de "atitude" ao presidente Lula (como se esta não fosse a obrigação dele e sim um favor).
A vida tornou-se tão banal neste país que praticamente três aviões como o Airbus A320 caíram no mês de julho e ninguém percebeu. Foram 669 mortes em acidentes, apenas nas estradas Federais. A imprudência, as péssimas condições das estradas e o aumento do número de veículos (graças ao caos aéreo) foram as principais causas destas mortes. Como sempre, uma "trágica conjunção de fatores".
A última vez que me senti tão enojada ao ver um filme foi em “Laranja Mecânica”, há vinte anos. E, hoje, comparo não só a minha reação ao filme como também os personagens. Lula é Alex. Começa como marginal e termina como marginal. Só que este foi um filme bom de ver e deve ser revisto, principalmente agora! Pena que, diferente do filme, não teremos a chance de revidar a Lula e a todos deste governo a violência que estamos sofrendo. O nosso filme é péssimo mesmo!
Um comentário:
bom comeco
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