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Ligo a televisão. Horário nobre, telejornais começando e sinto um nó na garganta. Durante mais de trinta minutos só falam da decisão do STF em liberar Battisti. E quem sabe o quanto isso significa em rede nacional pode ter idéia do peso que a Itália está dando para a liberação do terrorista.
Sinto um misto de vergonha e medo. Um misto de raiva e pena. Um coquetel de sentimentos que, em teoria, não deveria nem tê-los. Mas tenho.
Sinto, penso e choro com as vítimas vivas, parentes dos que morreram nas mãos ou a mando de Cesare Battisti.
Vítimas como Maurizio Campagna(foto1), irmão de Andrea Campagna
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(assassinado por Battisti na frente do futuro sogro, aos 25 anos).
Vítimas como Adriano Sabbadin(foto 2), filho de Lino Sabbadin, que tinha 17 anos quando viu o pai ser assassinado por mandantes de Battisti. Adriano que, em janeiro deste ano, mandou uma carta à Dilma Roussef pedindo justiça. Pobre Adriano, não sabia que Dilma é tão terrorista quanto o assassino de seu pai.
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Vítimas como Alessandro (foto 3), filho de Antonio Santoro, agente penitenciário e primeira vítima do homicida.
Vítimas como a família de Perluigi Torregiane, comerciante que reagiu aos tiros disparados a mando de Battisti. Tiros que
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condenaram Alberto (foto 4) à cadeira de rodas, filho de Perluigi, que tinha quase 15 anos e saía da joalheria com o pai.
Jornais, televisão e sites falam em boicotar produtos brasileiros e a Copa de 2014, em caçar duplas cidadanias e fechar embaixadas.
Apenas falam, porque (apesar de tudo) a população não concorda. Dizem que é uma disputa a ser feita nos tribunais e na área diplomática, não contra os cidadãos brasileiros. Mais uma lição!
Mesmo assim, não me sinto mais tão à vontade neste país que eu tanto amo. Nem eu e nem os brasileiros do bem que conheço. Hoje, se tivesse que renunciar à cidadania brasileira para continuar na Itália, não pensaria duas vezes. Não somente pela decisão do STF, mas principalmente pela falta de futuro no Brasil.
STF e governo, ao libertarem Battisti, condenaram os brasileiros a toda esta vergonha. Eu sinto, e muita!