O assunto "Cesare Battisti" me interessa, ainda mais depois de conhecer o irmão de uma de suas vítimas. Por isso, achei lamentável, inacreditável, cínico e hipócrita o discurso de Tarso Genro, no Senado. Genro escolheu a via mais baixa (e menos jurídica) para explicar por que decidiu dar asilo político a um terrorista assassino. Aliás, ingenuidade minha de achar que ele explicaria alguma coisa, eu só não pensei que fosse tão longe.
Palavras deste medíocre Ministro da Justiça: "Nós não estamos agredindo o Estado italiano nem o Estado de Direito nem o conteúdo iluminista de suas afirmações"... "Não houve a meu ver a ampla defesa ao senhor Battisti.". Genro se acha, mas não é. Genro é um tremendo cara-de-pau! Só pelo fato de dizer que Battisti não teve amplo direito de defesa na Itália, já fere sim o Estado italiano. Mas na visão de Genro, não. Ele pode dizer o que quer.
Genro - que junto com o seu bando de terroristas brasileiros adora falar sobre a "memória da ditadura", que a história não pode ser esquecida e bla bla bla - despreza a história e as decisões, sejam internas ou externas. Não deu ouvidos à decisão do Conare e finge que a condenação de Battisti, na Itália, não passou por outras duas avaliações antes de ser confirmada pelo Tribunal Europeu.
Dizer que, mesmo assim, o pobre coitado do Battisti não teve ampla defesa é - ao melhor estilo brasileiro - uma afronta.
O discurso de Genro teve mais! Disse que, diferente de Battisti, os pugilistas cubanos (dos jogos Pan Rio, em 2007) não pediram asilo. Se tivessem pedido, ele teria acatado e que os próprios pugilistas pediram para voltar para Cuba. É. Com certeza eles estavam morrendo de saudades de Fidel e não estavam nem um pouco de medo de que suas famílias sofressem represálias castristas. Claro. Eles pediram para ir embora porque amam Cuba! Mas Genro não fez nada. Aliás, fez sim. No Senado, ele disse que se ele morasse em Cuba, ele pediria asilo no Brasil. Cinismo foi pouco, Tarso Genro!
E, pra fechar, este cidadão ainda ironizou: "Foram muito bem divulgados os argumentos solicitando o cancelamento da minha decisão, numa constante alusão ao nosso país, inclusive à própria fragilidade da nossa soberania, como se aqui fosse um país de dançarinas e não de juristas, sendo que temos orgulho de que aqui é um país de dançarinas sim, mas de bons juristas também".
Obrigada, Genro, por reforçar mais dois itens à lista dos "adjetivos" brasileiros. Aqui fora, o Brasil já é conhecido como o país do futebol, do Carnaval, dos traficantes, dos travestis, das prostitutas, dos corruptos, dos malandros e - agora - dos terroristas e ... das dançarinas! Mas, jamais (JAMAIS, ouviu bem?) dos "bons juristas" e por total responsabilidade dos desgovernos que este país tem sido submetido.
E mais! A Itália, diferente do Brasil, não fez alusão alguma à fragilidade da soberania (fragilidade? Que soberania?). E é por isso que a Itália está perdendo esta, porque não joga baixo como Genro.
Tarso tem aprendido muito com o companheiro Lula. Aprendido a desmoralizar e a desprezar o Brasil e os brasileiros (mentir, ele sempre soube). Sem saber destes "adjetivos" do nosso Ministro da Justiça, os italianos comuns não entendem por que o Brasil está comprando tanta briga por causa de um terrorista.
Conheci Maurizio Campagna em Milão, no mês passado. Maurizio tinha um irmão, Andrea, morto aos 24 anos. Ele foi executado friamente por Cesare Battisti. Pelo menos as testemunhas nunca tiveram dúvidas em apontá-lo como a pessoa que disparou cinco tiros na nuca de Andrea, em plena luz do dia.
Maurizio me perguntou - ingenuamente - por que o Brasil quer ter um terrorista? Fiquei quase sem palavras, mas encontrei-as: "Sabe o ministro da justiça, o presidente, a ministra da casa civil? Então... são todos ex-terroristas!". Ele ficou pasmo (e quase também sem palavras), mas disse "agora algumas coisas fazem sentido".
Andrea não morreu durante um confronto com manifestantes. Nem Battisti o matou durante uma manifestação popular. Andrea foi executado com tiros na nuca enquanto abria a porta do carro, na frente do sogro, que ainda correu atrás de Battisti, mas o covarde entrou em um carro e fugiu.
O motivo? Dias antes, alguns amiguinhos de Battisti, também integrantes do PAC, haviam sido presos. Quem dirigia a viatura? ANDREA! Battisti o reconheceu pela televisão, em uma das reportagens exibidas na época durante a prisão dos colegas. Grupo, aliás, que era um dos mais insignificantes da Itália. Durou apenas dois anos, tinha uns vinte membros, mas foi o suficiente para tirar a vida de algumas pessoas. Das mãos de Battisti, foram duas. Ordenadas por ele, mais duas (total de quatro homicídios pelos quais recebeu a prisão perpétua).
Andrea morreu porque dirigia uma viatura. Andrea morreu porque foi reconhecido em uma reportagem de televisão. Andrea morreu porque Battisti quis! E Battisti não vai pagar pelos seus crimes, porque Genro não quer!
Afinal, ele e o bando de Lula entendem bem de criminalidade, saques, sequestros, anarquia e assassinatos. Isso, para eles, é crime político, embora Battisti (e até Suplicy) defenda que nunca matou ninguém! O sogro de Andrea deve ter tido uma alucinação e os companheiros de Battisti que o entregaram, também!
O bate-papo com Maurizio terminou quando ele me disse "sinto muito pelos brasileiros que não mereciam ter um terrorista entre eles".
É, Maurizio, mas Battisti não foi o primeiro nem será o único terrorista no Brasil. Os piores deles estão comandando o Brasil.
E vivam as dançarinas!