A decisão do STF de acatar grande parte das denúncias contra os 40 envolvidos no esquema do mensalão foi uma vitória que comemorei por pouco tempo. Apostei que iria acontecer e acertei. Agora, começa de fato o julgamento e será uma longa história. Longa o suficiente até para que alguns dos crimes prescrevam no meio do caminho. Isso todo mundo sabe.
Mas a minha curta comemoração não foi por saber que possivelmente nenhum deles será condenado. Muito menos por uma jornalista atenta ter ouvido confissões de um ministro que disse ter sentido a “faca (da mídia) no pescoço”, ou porque a tendência era “amaciar para José Dirceu”. Não. Nada disso me espanta mais do que, no mesmo dia da decisão histórica do STF, um outro órgão judiciário ter decido manter – em cargo vitalício – um promotor que matou a tiros um jovem de 20 anos.
O mesmo Ministério Público que denunciou o promotor Thales Ferri Schoedl por homicídio qualificado, devolve a ele o cargo, o porte de arma, o julgamento em foro privilegiado e mantém o salário de 10 mil reais. Salário que, aliás, Thales só não recebeu entre 2004 e 2006 quando uma primeira decisão havia afastado o promotor do caso (R$ 284.352 que Thales pede na justiça referentes aos “salários atrasados”). Se não bastasse, o promotor assumirá o cargo na cidade de Jales, interior de São Paulo, onde a família da vítima possui muitos amigos. Thales atuará em casos civis e criminais.
Como um promotor que mata a tiros um jovem de 20 anos e fere outro numa discussão em uma festa pode julgar a culpabilidade de outra pessoa? Quantos pesos e medidas o nosso Ministério Público tem ao analisar um caso? O mesmo peso que usou para levar oito anos para exonerar do cargo o promotor Igor Ferreira? Igor matou a esposa grávida em 1996. Em 2001 foi condenado e só em 2006 foi exonerado. Igor foi condenado a 16 anos de prisão, mas nunca cumpriu um só dia porque está “foragido” desde o crime.
Eu poderia, hoje, estar comentando com alegria, a decisão de que o voto pela cassação de Renan Calheiros (no caso Mendes Júnior) será aberto; ou criticando a lentidão do Conselho de Ética em julgar um e não os três casos envolvendo o presidente do Senado; levantar a questão do suposto envolvimento de Calheiros com lavagem de dinheiro em contas no exterior (a mais nova denúncia contra ele); ou o próximo capítulo do Valerioduto que, em breve, chegará ao STF envolvendo o também senador Eduardo Azeredo. Mas nada disso tem valor quando uma família vê o assassino de seu filho nas ruas, andando armado e com a proteção da justiça.
O Órgão Especial do Colégio de Procuradores do Ministério Público de São Paulo, que devolveu a Thales o cargo de promotor, apagou a pequena chama de justiça que a sociedade tanto precisa e nos fez lembrar que ainda estamos no Brasil, o país onde as alegrias duram pouco. Muito pouco.
Guardem estes nomes: Fábio Modanez e Sônia Mendes Modanez pais de Diego Mondanez, assassinado pelo digníssimo promotor. Amanhã, estes nomes poderão ser os nossos.
Mas a minha curta comemoração não foi por saber que possivelmente nenhum deles será condenado. Muito menos por uma jornalista atenta ter ouvido confissões de um ministro que disse ter sentido a “faca (da mídia) no pescoço”, ou porque a tendência era “amaciar para José Dirceu”. Não. Nada disso me espanta mais do que, no mesmo dia da decisão histórica do STF, um outro órgão judiciário ter decido manter – em cargo vitalício – um promotor que matou a tiros um jovem de 20 anos.
O mesmo Ministério Público que denunciou o promotor Thales Ferri Schoedl por homicídio qualificado, devolve a ele o cargo, o porte de arma, o julgamento em foro privilegiado e mantém o salário de 10 mil reais. Salário que, aliás, Thales só não recebeu entre 2004 e 2006 quando uma primeira decisão havia afastado o promotor do caso (R$ 284.352 que Thales pede na justiça referentes aos “salários atrasados”). Se não bastasse, o promotor assumirá o cargo na cidade de Jales, interior de São Paulo, onde a família da vítima possui muitos amigos. Thales atuará em casos civis e criminais.
Como um promotor que mata a tiros um jovem de 20 anos e fere outro numa discussão em uma festa pode julgar a culpabilidade de outra pessoa? Quantos pesos e medidas o nosso Ministério Público tem ao analisar um caso? O mesmo peso que usou para levar oito anos para exonerar do cargo o promotor Igor Ferreira? Igor matou a esposa grávida em 1996. Em 2001 foi condenado e só em 2006 foi exonerado. Igor foi condenado a 16 anos de prisão, mas nunca cumpriu um só dia porque está “foragido” desde o crime.
Eu poderia, hoje, estar comentando com alegria, a decisão de que o voto pela cassação de Renan Calheiros (no caso Mendes Júnior) será aberto; ou criticando a lentidão do Conselho de Ética em julgar um e não os três casos envolvendo o presidente do Senado; levantar a questão do suposto envolvimento de Calheiros com lavagem de dinheiro em contas no exterior (a mais nova denúncia contra ele); ou o próximo capítulo do Valerioduto que, em breve, chegará ao STF envolvendo o também senador Eduardo Azeredo. Mas nada disso tem valor quando uma família vê o assassino de seu filho nas ruas, andando armado e com a proteção da justiça.
O Órgão Especial do Colégio de Procuradores do Ministério Público de São Paulo, que devolveu a Thales o cargo de promotor, apagou a pequena chama de justiça que a sociedade tanto precisa e nos fez lembrar que ainda estamos no Brasil, o país onde as alegrias duram pouco. Muito pouco.
Guardem estes nomes: Fábio Modanez e Sônia Mendes Modanez pais de Diego Mondanez, assassinado pelo digníssimo promotor. Amanhã, estes nomes poderão ser os nossos.