domingo, outubro 07, 2012

Lula e o PT mudaram a minha vida


E aí, vocês já escolheram seus candidatos? Já decoraram os números direitinho, o partido político, etc? Então, boas eleições pra vocês! Eu, aqui do outro lado, não vou votar, como faço há mais de dez anos. Eu até poderia. Bastaria ir ao Consulado Brasileiro, em Milão ou em Roma (o que não é tão simples assim, já que não moro perto nem de uma ou de outra cidade), mas a última vez que eu votei foi no Lula e no PT. Pior do que isso, acabei convencendo alguns amigos que isso era bom! Desde então tenho sofrido de TEPT, Transtorno do Estresse Pós-traumático, e nunca mais votei. Nem pra prefeito, nem pra vereador, nem pra síndico de prédio ou representante de classe! Sem contar a vergonha que ainda sinto dos meus amigos!

Hoje, sofro do trauma da falta de confiança. Voto para mim, é um presente que eu ofereço a uma pessoa, como quem diz “olha, eu confio em você e quero que você esteja lá porque acredito que você é honesto, trabalhador e competente”. Por favor! Isso não existe! Assim como não existe, também, vitória pelas urnas. Eu já acreditei em tudo isso, mas desisti há muito tempo. Acreditava que o povo poderia virar o jogo com o seu voto. Hoje, não acredito nem mesmo no povo! Sempre vai ter uma parcela (que infelizmente será sempre a maioria) mais disposta a fechar os olhos do que abri-los; aceitar benefícios por ser miserável ao invés de exigir que o país melhore para todos.

O Brasil não tem conserto, esta é a verdade. Podem trocar mil vezes os presidentes, deputados, senadores, prefeitos e vereadores que a música será sempre a mesma e, mais cedo ou mais tarde, o mais honesto dos honestos terá que dançar conforme o ritmo ou cair fora do baile. Ainda não vi ninguém que tenha pedido pra sair da festa... Para essa farra toda ter fim, seria necessário destruir tudo e começar novamente. Mudar até a sede do Parlamento, porque o ranço daquele lugar já infiltrou no horizonte mais profundo do solo e, dali, não nasce bom fruto, nunca mais, de jeito nenhum! E essa praga se infiltrou em todo o solo brasileiro, subindo por tubulações das Câmaras Municipais e Prefeituras.

Meu melhor diagnóstico é que, se você se mantiver longe o suficiente das cadeiras importantes, você tem uma ligeira chance de não se contaminar. O difícil é dizer a quantos níveis de distância seria seguro. Na dúvida, melhor nem votar! Vai que as urnas foram infectadas também! Não, caros amigos, mantenho uma distância relativamente segura disso tudo. Algo como seis mil milhas de distância?

Antes, eu tinha consciência política, hoje eu tenho amor próprio. Não me sujeito a sacrificar nem um minuto da minha preciosa vida indo à seção eleitoral, enfrentar fila, dar meu voto e ainda assinar uma mísera folha dizendo que eu cumpri com o meu dever de cidadã! Dever de cidadã? Isso é uma das maiores idiotices que eu já vivi na minha vida (e olha que já vivi muitas!). Meu dever de cidadã é fazer o melhor pelo meu país e isso significa não compactuar com este sistema canceroso em que se transformou o processo político brasileiro!

Há quem diga que se você não votar, não poderá cobrar depois. Mentira! Não é o seu voto que te dá este direito, é o cargo que o político ocupa! Tenha você votado ou não, ele é funcionário público, e você poderá cobrar sempre. Se a sua cobrança vai valer de alguma coisa, aí é outra história.

Caso você não pense como eu e acredite que o seu voto pode mudar o seu país ou que a sua consciência ficará melhor indo às urnas e escolhendo entre o menos ruim, eu respeito você. De verdade! Talvez até inveje você por ter, ao menos, alguma crença política. Pensando bem, alguma coisa pode ser feita para mudar este quadro. Investir em Educação. Criar um exército de novos políticos e eleitores que, ao atingirem a idade adulta, mudariam, juntos, a realidade do país. Ok, isso já é utopia!

Ao menos devo algo a Lula e ao PT: o privilégio de não mais me decepcionar (pelo menos na Política)!

sexta-feira, agosto 10, 2012

Quando o melhor na TV é o mensalão...

fotos: ANDRÉ COELHO - O GLOBO
O mês de agosto começou com uma grande atração na TV: o julgamento do mensalão. Mas eu preciso explicar o meu entusiasmo diante das horas monótonas de falatório pomposo. 

Quando se mora no exterior, algumas situações corriqueiras se tornam uma odisséia; como ver televisão, por exemplo. A programação de TV, na Itália, não é melhor do que a dos canais abertos, no Brasil. Às vezes, passa um lixo “assistível”. Outras vezes, melhor nem comentar. Dá até dó de ver. Salvo alguns documentários históricos - eles possuem um acervo de imagens riquíssimo! - e poucos programas científicos investigativos (que estão de férias, infelizmente). Bendita a internet que veio salvar as nossas noites sufocantes desse verão de 40 graus! Para quem tem uma boa conexão em casa, dá para se ver muitos canais, sem contar os filmes online completos, no YouTube, e tantos outros sites de onde se podem baixar seriados, por exemplo.

Mas, agosto, é mês de mensalão! E lá vamos nós diante do computador, com direito a pipoca e Guaraná (comprado em lojas de indianos ou chineses, porque onde moro, não tem nos grandes supermercados), relembrar os bons tempos em que acompanhávamos de perto os acontecimentos na terra do verde e amarelo. No primeiro dia, ligeiro euforismo com o quebra pau entre os ministros Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandoswski. Alguns bons minutos depois, parecia sexo entre octogenários. Dá até pra tentar, mas não vai. Cansa, irrita e quase faz dormir! 

E não é que poderia ficar pior!? Sim, ficou. Com o passar dos dias, as sustentações orais dos advogados de defesa, além de intermináveis, foram se tornando vergonhosas. Não só pelos argumentos de defesa como também pela oratória mesmo. Pareciam crianças diante de uma classe cheia de estudantes e professores, tendo que apresentar o trabalho de casa, em voz alta. Até mesmo Lula, em seus discursos improvisados, faz melhor. Ou talvez, estejamos mais acostumados aos erros de concordância do sempre-eterno-presidente. Sei lá. Mas eu esperava mais dos melhores(!) criminalistas do país, no julgamento político-jurídico mais esperado dos últimos sete anos!

Depois de longas horas de tortura, com direito a menção à novela das oito e futebol, corríamos até o site da Veja online para acompanhar o debate sobre o julgamento. Mas nem isso durou muito. Assisti a dois, depois, falhou alguns dias e nem sei mais se vai continuar. Que pena, era uma das poucas coisas inteligentes que dava pra engolir. E olha que, a essa altura, já são mais de meia noite, por aqui, e lá estamos nós, fíéis aos interesses da nação! 

Falando sério, rapaziada, será que vamos ler nos livros de história política, daqui a algumas décadas, que o maior escândalo de corrupção que este país já viveu, durou mais de sete anos e, no final, nada foi provado? Duvido muito. Mas, infelizmente, o maior escândalo político envolve muitos interesses. Se forem condenados, perde o PT, em ano eleitoral! Se forem absolvidos, perde moral a justiça, nas figuras de Joaquim Barbosa e da Procuradoria Geral. Qual dos lados pesa mais? É o que vamos ver. Sinto que vamos empatar, o que seria o pior placar. Alguns serão condenados, mas não serão os políticos.

E o pior é que o final desta novela real já está escrito, literalmente! Tudo o que estamos vendo, hoje, neste julgamento, é encenação. De péssima qualidade, afinal, mas é verdade. É mera formalidade porque nada disso é novidade para os onze ministros que vão decidir quem paga e quem não paga a conta do mensalão. Os votos deles já estão, não só decididos, como escritos! Eles já conhecem os dois lados e com base nisso, já decidiram para que lado vão apitar. É como um jogo cujo placar já está definido antes de os jogadores entrarem em campo e, mesmo assim, os torcedores vão no estádio com suas bandeiras em punho.

Quer saber? Vou continuar com meus seriados, livros e filme online. Pelo menos, até começarem os próximos caítulos: a leitura dos votos dos ministros. A nova fase deve começar no dia 15/08 e, só pra se ter uma idéia, o primeiro a ler será Joaquim Barbosa, cujo voto tem cerca de mil páginas e deve durar quatro sessões. Espero que ele seja melhor do que os outros porque, senão, nem pipoca e nem guaraná. Vamos precisar mesmo é de viagra!