E aí, vocês já escolheram seus candidatos? Já decoraram os números direitinho, o partido político, etc? Então, boas eleições pra vocês! Eu, aqui do outro lado, não vou votar, como faço há mais de dez anos. Eu até poderia. Bastaria ir ao Consulado Brasileiro, em Milão ou em Roma (o que não é tão simples assim, já que não moro perto nem de uma ou de outra cidade), mas a última vez que eu votei foi no Lula e no PT. Pior do que isso, acabei convencendo alguns amigos que isso era bom! Desde então tenho sofrido de TEPT, Transtorno do Estresse Pós-traumático, e nunca mais votei. Nem pra prefeito, nem pra vereador, nem pra síndico de prédio ou representante de classe! Sem contar a vergonha que ainda sinto dos meus amigos!
Hoje, sofro do trauma da falta de confiança. Voto para mim, é um presente que eu ofereço a uma pessoa, como quem diz “olha, eu confio em você e quero que você esteja lá porque acredito que você é honesto, trabalhador e competente”. Por favor! Isso não existe! Assim como não existe, também, vitória pelas urnas. Eu já acreditei em tudo isso, mas desisti há muito tempo. Acreditava que o povo poderia virar o jogo com o seu voto. Hoje, não acredito nem mesmo no povo! Sempre vai ter uma parcela (que infelizmente será sempre a maioria) mais disposta a fechar os olhos do que abri-los; aceitar benefícios por ser miserável ao invés de exigir que o país melhore para todos.
O Brasil não tem conserto, esta é a verdade. Podem trocar mil vezes os presidentes, deputados, senadores, prefeitos e vereadores que a música será sempre a mesma e, mais cedo ou mais tarde, o mais honesto dos honestos terá que dançar conforme o ritmo ou cair fora do baile. Ainda não vi ninguém que tenha pedido pra sair da festa... Para essa farra toda ter fim, seria necessário destruir tudo e começar novamente. Mudar até a sede do Parlamento, porque o ranço daquele lugar já infiltrou no horizonte mais profundo do solo e, dali, não nasce bom fruto, nunca mais, de jeito nenhum! E essa praga se infiltrou em todo o solo brasileiro, subindo por tubulações das Câmaras Municipais e Prefeituras.
Meu melhor diagnóstico é que, se você se mantiver longe o suficiente das cadeiras importantes, você tem uma ligeira chance de não se contaminar. O difícil é dizer a quantos níveis de distância seria seguro. Na dúvida, melhor nem votar! Vai que as urnas foram infectadas também! Não, caros amigos, mantenho uma distância relativamente segura disso tudo. Algo como seis mil milhas de distância?
Antes, eu tinha consciência política, hoje eu tenho amor próprio. Não me sujeito a sacrificar nem um minuto da minha preciosa vida indo à seção eleitoral, enfrentar fila, dar meu voto e ainda assinar uma mísera folha dizendo que eu cumpri com o meu dever de cidadã! Dever de cidadã? Isso é uma das maiores idiotices que eu já vivi na minha vida (e olha que já vivi muitas!). Meu dever de cidadã é fazer o melhor pelo meu país e isso significa não compactuar com este sistema canceroso em que se transformou o processo político brasileiro!
Há quem diga que se você não votar, não poderá cobrar depois. Mentira! Não é o seu voto que te dá este direito, é o cargo que o político ocupa! Tenha você votado ou não, ele é funcionário público, e você poderá cobrar sempre. Se a sua cobrança vai valer de alguma coisa, aí é outra história.
Caso você não pense como eu e acredite que o seu voto pode mudar o seu país ou que a sua consciência ficará melhor indo às urnas e escolhendo entre o menos ruim, eu respeito você. De verdade! Talvez até inveje você por ter, ao menos, alguma crença política. Pensando bem, alguma coisa pode ser feita para mudar este quadro. Investir em Educação. Criar um exército de novos políticos e eleitores que, ao atingirem a idade adulta, mudariam, juntos, a realidade do país. Ok, isso já é utopia!
Ao menos devo algo a Lula e ao PT: o privilégio de não mais me decepcionar (pelo menos na Política)!